Carl Rogers, pai da Psicologia Humanista, já apontava o poder da empatia há mais de trinta anos. Segundo ele, “ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
De uma maneira mais direta, ser empático é ser capaz de se interessar por outra pessoa a tal modo que, mesmo sem a verbalização desta, seja possível perceber o que ela está sentindo. Assim, é reconhecer em outrem os sentimentos, desejos, medos e limitações que circundam seu dia a dia.
Vamos conhecer algumas vantagens dessa ferramenta quando aplicada à medicina?
Os pacientes confiam mais no médico
É comum encontrar médicos muito simpáticos e solícitos com seus pacientes e, ao mesmo tempo, absolutamente competentes. Além disso, percebemos que muita confiança é depositada nessas figuras.
Essa relação ocorre pela presença da empatia. É como se o médico entendesse os pacientes e estes, por sua vez, respondessem a isso como se estivesse conversando com um conhecido. Dessa forma temos uma pessoa que seguirá, rigorosamente, as orientações do profissional, tornando cada vez mais eficiente o tratamento.
A comunicação deixa de ter ruídos
Uma vez que o paciente confia no médico e tem sentimentos de familiaridade com o mesmo, as informações que são passadas, durante as consultas, são mais verazes. Ou seja, todos os sintomas, suspeitas e receios são passados claramente para o profissional.
Assim sendo, o paciente, ao confiar no médico, julga válido expressar todos seus pensamentos afim de chegar a uma solução para seus problemas. Em alguns casos onde essa confiança não está presente, a pessoa que está se consultando pode vir a omitir informações, receoso de como o profissional poderia reagir a elas.
O poder da empatia aumenta o número de indicações
Um grande poder da empatia, que faz bem ao bolso do profissional, é gerar mais indicações boca a boca. Assim, a medida que o médico se torna mais empático, a percepção que os pacientes têm sobre ele muda.
Podemos afirmar, nesse caso, que o profissional se torna mais disposto para com as pessoas, o que passa a imagem de alguém preocupado com o bem-estar alheio. Com isso, ele se torna uma referência para seus pacientes — que, por sua vez, indicarão as pessoas queridas para atender com esse médico responsável.
Vista as vantagens de um atendimento empático, vamos entender como é possível acrescentar essa habilidade em nosso repertório comportamental?
A curiosidade sobre o desconhecido é cultivada
Ao ter curiosidade sobre tudo que lhe cerca, uma pessoa começa a entrar em contato com novas modalidades de conhecimento. Essa atitude curiosa, quando voltada para o relacionamento humano, ajuda no desenvolvimento da empatia.
Por exemplo, ao querer saber sobre a formação de um paciente, mesmo que essa informação não tenha relevância para o diagnóstico, você está praticando a curiosidade sobre o desconhecido. Nesse caso, está mostrando ao paciente seu interesse pela pessoa dele, não pela doença apenas.
Além disso, como um bônus a essa curiosidade, o paciente poderá contar sobre sua vida, aumentando os laços afetivos que tem para com o profissional. Após algumas conversas, o médico toma lugar de alguém conhecido pelo paciente.
Moral da história: uma das formas de desenvolver a empatia é ter curiosidade sobre as pessoas e buscar as respostas. Ou seja, devemos conversar com estranhos em praças, puxar assunto no elevador, conversar com o caixa do supermercado etc. Tudo o que for possível fazer para ter maior contato humano é válido.
A utilização da “escutatória”
Ruben Alves, em seu texto “A Escutatória”, chama atenção para a atual situação da sociedade. Ele critica o fato de existirem vários e vários cursos de oratória, mas nenhum — com a licença poética devida — de “escutatória”.
Segundo o texto, o ser humano em seu contato interpessoal tende a responder o fato de outro falando de si próprio. Por exemplo, se dizem a uma pessoa que o dia está quente, ela provavelmente responderá que está com calor — ou que não acha isso, que acredita que o clima está agradável.
Assim sendo, os contatos interpessoais são apenas formas de falarmos de nós mesmos. Por isso é tão encantador, e raro, quando existe a oportunidade de ser verdadeiramente escutado.
Pessoas muito empáticas tendem a buscar os sentimentos e questões que estão em jogo no cerne de cada ser humano. Isso significa que diante da mesma afirmação — está muito quente hoje — uma pessoa com alto grau de empatia responderia algo como: você está com calor? Aceita uma água, uma bebida? Ou seja, ela percebe a relação entre os estados internos e pedidos indiretos das outras pessoas.
O pré-conceito deve ficar de lado
O julgamento feito antes do conhecimento dos fatos é chamado de preconceito, ou seja, um conceito formulado antes da experiência. Assim, podemos dizer que o pré-conceito nada mais é do que uma proteção, individual, para afastar tudo que é desconhecido.
Pessoas empáticas preferem trocar o preconceito por uma prática mais saudável, a imaginação. Com a imaginação é possível criar jeitos de ver o mundo através das lentes de outra pessoa. Assim, como a definição de Carl Rogers — dita no início do texto — propõe, ver como se fosse o outro.
Ou seja, os credos, as religiões, e o que mais existir para afastar o contato humano, precisa ser substituído pela simplicidade da imaginação. Afinal, existem pacientes de todas as religiões, classes sociais e posições políticas, correto? E é importante para o médico estar em contato com eles. Realizando essa troca – o preconceito pela imaginação – é que podemos alcançar o maior grau possível de empatia.
Com isso, deve-se cumprir o objetivo principal de entrar em contato com outras pessoas de uma maneira mais verdadeira, sem máscaras. Em contrapartida, o poder da empatia também fornece grandes benefícios ao profissional, gerando um trabalho menos estressante, rendendo maior número de indicações, e possuindo pacientes que aderem ao tratamento mais facilmente, etc.
Mas, como sabemos, não adianta apenas a boa vontade e a empatia para fazer com que uma clínica médica funcione bem, não é mesmo? Por isso nós também preparamos para você um e-book sobre Gestão da clínica média — os 3 pilares que fazem toda a diferença. Baixe ele e veja como melhorar a sua gestão!